COLINA DE VASSÍLI TCHUIKÓV EM STALINGRADO
Quando a cidade se transforma em símbolo, ela passa a ser cidade eterna. O seu nome é Stalingrado!
A vitória na Batalha de Stalingrado foi uma das maiores sensações do século XX. “Rússia, você conquistou o respeito do mundo inteiro!” – escreveram os jornais norte-americanos. Um daqueles, que ficou no centro desses acontecimentos, cujo nome ficou registrado na História, foi o general Vassíli Tchuikóv.
O Quartel General havia encaminhado ele para Stalingrado nos dias mais difíceis da defesa da cidade. Sob bombardeios, Tchuikóv fez a travessia do Rio Volga e, rastejando, mantendo-se rente a terra, ele conseguiu chegar à fortificação subterrânea, o blocausse do Estado Maior. Isso ocorreu a 16 de Julho de 1942. Ele estava ciente de que o inimígo avançava com rapidez em direção ao Rio Don. À direita de Tchuikóv, no curso superior do Rio Tchir, a divisão de infantaria austríaca fazia as nossas tropas recuar. Um pouco mais ao Norte os alemães conseguiram romper a nossa defesa e, tomando a povoação Kámenskaya, isolaram parte dos regimentos do 62ª Exército, que deveria comandar Vassíli Tchuikóv.
No dia 25 de Julho os alemães iniciaram a ofensiva maciça. Para o Exército de Tchuikóv este combate foi o batismo de fogo.
No mapa do comandante Tchuikóv estavam assinalados alguns pontos de apoio, que os defensores da cidade deviam manter em seu poder: seções fabrís, ruínas de prédios, porões, barrancos. Em Stalingrado já não havia mais a linha de defesa ininterrupta. Naqueles dias Tchuikóv proferiu as palavras, que concentraram em sí a força de vontade e a audaz decisão: “Além Volga não há terra para nós!”, quer dizer, não há para onde recuar.
Vassíli Tchuikóv foi um dos jovens generais de talento. Em Stalingrado, desde os primeiros dias ele mostrou como deve ser a fortificação no seu entender como militar. Tchuikóv ordenou construir o blocausse do Estado Maior do Exército ao pé da Colina de Mamái, a uns 400 metros da linha de fogo. Ele próprio nunca havia abandonado esse lugar perigoso, apesar da guarnição do Estado Maior as vezes teve que entrar em combate com o inimígo, que rompia a defesa. As suas ordens eram rigorosas. Houve o caso, quando Tchuikóv ordenou fuzilar o comandante de brigada, por ter este recuado da cidade e transferido o seu Estado Maior para uma ilha do Rio Volga.
Sob o comando de Tchuikóv combatiam, como as chamavam então, “unidades aéras”. Tratava-se de grupos de assalto, a elite do Exército Soviético. Para eles Tchuikóv elaborou, no blocausse, sob os bombardeios, a nova tática de condução de combates na cidade. Pela primeira vez alí passaram a operar grupos de assalto móveis. Para os grupos de assalto Tchuikóv escreveu mandamentos precisos e metafóricos, que começavam assim: “Irrompa na casa em dois – você e a granada…”
Os alemães se aproximavam de Stalingrado. A cidade é alvo de cruel bombardeio aéreo, a população foi evacuada. Em Berlim aguardam a notícia sobre a queda de Stalingrado.
O tempo corria, mas aquilo, o que parecia ser inevitável, não se sabe porque, não ocorria.
E somente algumas semanas depois, quando a linha de frente se estabilizou, Stalingrado deteve a ofensiva alemã, e isso foi compreendido no Quartel General. Então começaram surgir planos de como aproveitar a oportunidade que surgiu.
Na própria ideia da “Caldeira de Stalingrado” não havia nada de novo em princípio. A ciência de isolamento dos flancos debilitados com golpes maciços de cunhas de blindados já haviamos assimilado, pois durante as duas campanhas de Verão os alemães nos prepararam uma infinidade de caldeiras e bolsões. Mas, uma defesa como a de Stalingrado, era algo totalmente singular do ponto de vista da ciência militar: tudo era feito apesar das diretrizes, dogmas, competências… Estender o Exército em forma de estreita e longa faixa ao longo do Rio Volga, semelhante a Falange de Alexandre, o Magno, e dar-lhe a força dos famosos escudeiros de Alexandre, tendo pelas costas o rio com a largura de dois quilômetros, com a margem oposta ao alcance da bala, com os aviões inimigos constantemente por sobre as cabeças. Estar com o Estado Maior do Exército quase que na linha de fogo!? Algo semelhante a história militar moderna desconhecia. Vejamos uma passagem das recordações do Marechal Vassíli Tchuikóv do arquivo sonoro da Emissora Voz da Rússia.
“Por toda a parte lavravam cruentos combates. Somente no dia 15 de Setembro a estação ferroviária de Stalingrado havia passado quatro vezes para a posse ora de uma parte, ora de outra. Mas, ao anoitecer ela foi por nós reconquistada. Agora tenho dificuldade em dizer algo sobre a Colina de Mamái, em poder de quem ela estava então, na noite de 4 para 5 de Setembro, mas na manhã do dia 16, após tenazes combates, o 42º Regimento do coronel Érin reconquistou a Colina de Mamái. Ombro a ombro com os combatentes, nas trincheiras lutavam heroicamente os operários das fábricas de Stalingrado. Eles eram combatentes, guias e agentes de reconhecimento naquela batalha. Eu inclino a minha cabeça diante do valor e audácia dos marujos fluviais e dos simples marinheiros fluviais. A sua gesta é imortal. Eles nos asseguraram todo o indispensável: reforços, munições, víveres através do Rio Volga e sob cerrado fogo do inimigo”.
Sobre, com que esperança aguardavam notícias das margens do Rio Volga, de Stalingrado, não só no nosso país, mas também no mundo todo, comprova pelo menos essa carta vinda de Chicago: “Vocês estão mantendo agora a Fortaleza da Humanidade sitiada”.
Nos acessos de Stalingrado as tropas alemãs sofreram uma derrota demolidora. Na Alemanha tinha sido decretado luto de três dias.
Também na guerra ocorrem acontecimentos, que se assemelham à uma espécie de símbolo, estabelecido pelas alturas celestes. Isso ocorreu em Berlin a 1º de Maio de 1945. No posto de comando de Tchuikóv notaram, que através das ruínas, seguia em sua direção um grupo de oficiais alemães empunhando uma bandeira branca. Eles foram conduzidos à presença do general Tchuikóv. Eram parlamentares, entre os quais estava o chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas da Alemanha, general Krebe. No Estado Maior de Tchuikóv ele comunicou pela primeira vez que Hitler havia se suicidado e em nome Goebbels transmitiu as condições do armistício, recebendo a resposta: “Nenhuma condição - somente a capituação”. Foi assim que terminou o circuito da guerra. Desde a margem abrupta do Rio Volga até o ponto vitorioso em Berlim.
Em Volgogrado, ex-Stalingrado, na Colina de Mamái existe o Panteão da Lembrança, em cujas paredes estão gravados os nomes de milhares de combatentes que tombaram na defesa de Stalingrado. Nas proximidades do Panteão da Lembrança se encontra a última morada terrena de Vassíli Tchuikóv.
Durante a guerra nos mapas militares de Stalingrado a Colina de Mamái era marcada como “cota 102”. Este lugar dominava toda a visão da cidade e das estepes adjascentes ao Rio Volga. O Marechal Vassíli Tchuikóv deixou testamento, pedindo que fosse sepultado naquele lugar, nas proximidades imediadas das sepulturas comuns dos seus combatentes. Nos dias da defesa de Stalingrado essa parte da Colina de Mamái, toda coberta de crateras de bombas e projéteis, era vista por ele toda a vez que ele saía do blocausse na margem do Rio Volga…
(The Voice of Russia - Stalingradenses)
"Aquele que esquece a História condena-se a repeti-la !", Jorge Santayana (1863-1952).
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Se no futuro for-mos obrigados a registrar apenas um fato sobre determinado assunto,e quando este assunto referir-se as batalhas,sem dúvida apenas uma emergirá-STALINGRADO.
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