sábado, 28 de novembro de 2009

Últimas Cartas de Stalingrado


Últimas Cartas de Stalingrado
Fonte: Jornal do Século - História do Século XX - Ed.Abril Cultural

As cartas aqui referidas nunca chegaram a seus destinatários. Estavam incluídas no confisco imposto pelo Serviço de Informações do Exército alemão, com o objetivo de avaliar o moral das tropas em Stalingrado.
Mais tarde, preparou-se um relatório sobre a Batalha do Volga, baseado em cartas e documentos oficiais disponíveis, mas Goebbels recusou a permissão para publicá-lo.
"Trata-se de uma marcha fúnebre", disse ele ao autor. "Você deveria escrever uma fanfarra".

1-
"(...)Você é a mulher de um oficial alemão e por isso deverá enfrentar corajosamente o que tenho a lhe dizer, com a coragem com que ficou na plataforma da estação no dia em que segui para o Oriente.(...) A verdade significa conhecer os fatos a respeito das piores batalhas travadas em uma situação desesperadora: miséria, fome, frio, privações, dúvidas, desespero e homens morrendo de uma maneira horrível(...) Minha própria parcela de culpa é inegável. Numa proporção pequena - é verdade - cerca de um para 70 milhões - mas dá no mesmo. (...) Não estou acovardado, somente triste por não poder dar maior prova da minha coragem do que morrer por uma causa fútil, para não dizer criminosa. Não me esqueça rápido demais."

2-
"(...)Sobre o muito do que está acontecendo aqui jamais saberei coisa alguma; mas o pouco que sei é demais para o estômago. Ninguém poderá dizer que meus camaradas morreram com palavras como Alemanha ou Heil, Hitler! nos lábios... A última palavra de um homem vai para sua mãe ou para quem mais ama, ou então é apenas um grito de socorro. Já vi centenas caírem e morrerem e muitos, como eu, estavam na Juventude Hitlerista. Mas todos, na hora fatal, gritam por ajuda ou por alguém que nada mais poderia fazer por eles".

3-
O Führer prometeu tirar-nos daqui e todos nós acreditamos. Ainda acredito hoje, simplesmente porque devo acreditar em alguma coisa. Em que me resta acreditar? Não saberia o que fazer com a primavera ou o verão, ou com qualquer das coisas que tornam a vida feliz. É bom que eu continue acreditando, cara Grete; toda a minha vida - ou durante oito anos pelo menos - acreditei no Führer e o tomei ao pé da letra. É terrível como as pessoas aqui duvidam e é humilhante ouvir coisas que não se podem contradizer porque os fatos as comprovam".

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